Ciclistas vivem risco constante no trânsito e fazem reivindicações

Segurança, respeito no trânsito e instalação de mais ciclovias na área urbana. Estas são as principais reivindicações de quem circula de bicicleta em João Pessoa, sejam esportistas e aventureiros ou os que utilizam a bike como meio de transporte. A justificativa é a necessidade de reduzir o número de óbitos. Nos últimos dez anos, foram 184 perdas em vias paraibanas, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Só em 2018, há 15 registros de mortes em acidentes envolvendo ciclistas, das quais sete na Capital. A cada quatro meses, segundo estimativa da equipe Pedal Jampa, morre um ciclista em João Pessoa, a maioria é usuário da bike como meio de transporte.

André Nascimento, coordenador do grupo Pedal Jampa, observou que faltam ciclovias para andar na faixa da direita em João Pessoa.

“Na Epitácio Pessoa, aos domingos, temos uma ciclofaixa da esquerda, mas só pode usar com cones. Tem a ciclovia na Beira-Rio, mas precisamos de mais para garantir que a gente não perca a vida em meio aos carros”, observou.

Ele justificou que, além de ampliar a extensão das ciclovias e ciclofaixas, é preciso que sejam feitas campanhas para evitar a violência de alguns motoristas contra quem pedala.

“Já passei por situações complicadas. Numa delas, há cerca de quatro meses, um motorista machucou meu braço com uma foice. Também fui derrubado várias vezes. Há uns quatro anos, no Centro, um senhor me derrubou ao sair de ré no carro. Eu vinha da feira, levantei, ele deu um cavalo de pau e me bateu”, relatou.

Ele lembrou que há poucos dias, ocorreram três capotamentos no Bairro dos Estados e considera a falta de atenção no trânsito como a causa dos acidentes. “Usam celular, não respeitam semáforo, nem placas ou a sinalização horizontal. Ninguém é dono da razão, mas falta respeito”, constatou.

Por enquanto, não há previsão de protesto. Os cerca de 50 membros do grupo Pedal Jampa, por exemplo, têm procurado manter contato com o Poder Público em busca de soluções que assegurem a prática do ciclismo com segurança.

“Estamos em diálogo e já mostramos que faltam bicicletários públicos e privados. Nas repartições públicas, deveriam existir armários e chuveiros para que os funcionários pudessem se organizar”.

TREINAMENTO PARA REFLEXÃO

De acordo com André Nascimento, está sendo realizado um treinamento do Sintur (Sindicato dos Transportes Urbanos da Capital) e Semob (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana) com motoristas. “Isso está fazendo com que eles reflitam mais e se sintam no nosso lugar. Já são três semanas desse trabalho que está acontecendo na Estação Cabo Branco e garagens das empresas”, destacou.

Por outro lado, ele entende que é preciso chamar mais a atenção dos bicicleteiros, que usam a bicicleta como meio de transporte. “Muitas vezes, ele não sabe nem ler, nem escrever, mora em áreas carentes e não vê a sinalização, não lê, não compreende. É preciso alertar a estas pessoa que tem que andar com capacete, roupa que dê visualização ao ciclista. Por ignorância ou falta de estudo, eles acham que podem andar na faixa da esquerda e também trafegam na contramão”, observou.

“Temos a ideia de reunir os ciclistas, criar um grupo grande, um projeto-piloto que deve envolver o turismo, chamar ciclistas para a cidade, reunir outras cidades. No Circuito Caminhos do Frio já tem esse evento. Vamos sugerir essa ideia para que todos possam participar”.

Ampliação prevista. No Plano Diretor de Mobilidade da Capital está prevista a ampliação da malha cicloviária de João Pessoa. Porém, de acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana, o projeto ainda está em andamento e não é possível adiantar locais e extensão.

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