Tite diz que Seleção que foi à Rússia será base para a Copa América

A seleção brasileira da Copa América de 2019 será mais parecida com aquela da Rússia do que com a que está no imaginário público para estar no Catar daqui a quatro anos. Entre a frustração da eliminação que julga precoce na última Copa do Mundo, e a empolgação de poder moldar uma equipe a longo prazo, Tite se equilibra para o próximo desafio e descarta mudanças profundas imediatas.

Tite se recusa a priorizar 2022 em 2019. Alega que até lá surgirão novos jogadores, e outros ficarão pelo caminho. Por isso, no torneio que será disputado a partir de junho do ano que vem, no Brasil, muitos rostos conhecidos do público voltarão a vestir a camisa da Seleção.


A base da Copa América
vai ser a base do Mundial. Haverá jovens, mas num percentual menor. Não haverá transformação porque tem muita coisa boa jogando em alto nível – disse o técnico, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, sua primeira a um veículo de imprensa escrita depois da Copa.
Desde a derrota para a Bélgica, nas quartas de final, Tite tem avaliado exaustivamente seus acertos e erros. Dessa vez, ele falou mais especificamente sobre algumas situações ocorridas na Rússia e revelou planos para o futuro.

Num deles, confirmou que não será o técnico da seleção brasileira na Olimpíada, caso a vaga seja obtida no torneio classificatório.

Tite viu o Brasil entre as quatro melhores seleções da Copa, ao lado de França, Croácia e Bélgica. Por isso, encara a eliminação antes da semifinal um castigo pesado, mas, acima de tudo, um aprendizado: no torneio mais importante do mundo, algumas decisões precisam ser tomadas mais rapidamente.

Tite, ao analisar um conjunto de ações da comissão técnica na Copa do Mundo, identifico um processo mais conservador. Para uma vaga curinga, você convocou o Taison, que estava contigo desde o início. Depois, optou por manter o Fred, lesionado, e não mexeu no time. Hoje, entende que era preciso um elemento diferente, uma quebra nessa linha coerente?

– Se eu tivesse mais tempo de seleção brasileira, teria conduzido algumas situações de outra maneira. Eu tinha necessidade de desempenho e resultado rápidos. Tive um problema de meio-campo, com o Renato Augusto baixando, e solucionei crescendo o Willian para fazer flutuação e trazendo o Coutinho para dentro. Outras essências começaram a aparecer, e hoje eu tenho uma dimensão maior de algumas análises.

Você classificou a Seleção para a Copa em março de 2017. Havia mais um ano de convocações, e a comissão optou por encorpar a equipe em vez de abrir o leque a novos nomes. Era o certo?

– Eu faria exatamente a mesma coisa. Nossa prioridade era fortalecer a equipe com variação tática. E às vezes não veem que jogamos desde os 30 minutos, contra o México, com duas linhas de quatro e Neymar mais para dentro, no 4-4-2. Com dois centrais, começamos a tirar a bola do Rafa Márquez e tivemos agressividade maior. Esse 4-4-2 não deu agressividade no amistoso contra a Arábia Saudita. Mas, então, digam que não deu certo, não que não há variação tática. Esse é um diagnóstico errado. Decidimos lá atrás fortalecer, e outros jogadores que poderiam estar na Copa passaram despercebidos. Não dava para abraçar as duas coisas.

G1