Pesquisadores da UFPB testam eletroestimulação e meditação para curar enxaqueca

As pesquisadoras Elidianne Araújo e Luana Pimenta, mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNeC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a orientação dos professores Suellen Andrade e Luiz Carlos Lopez, estão testando Eletroestimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) associada à prática de mindfulness (um tipo de meditação) para curar enxaqueca.

A pesquisa irá examinar os efeitos terapêuticos no quadro sintomatológico doloroso, assim como identificar as alterações da assimetria da onda cerebral alfa no córtex frontal dos voluntários. O objetivo é avaliar se estas duas técnicas associadas podem ser usadas como um método profilático na redução da sintomatologia dolorosa da enxaqueca, tendo em vista a escassez de estudos que utilizam esse método.

Ao todo são ofertadas 12 sessões de 20 minutos cada (três vezes por semana, durante quatro semanas). Após as sessões, os pacientes são reavaliados para verificar a eficácia da terapia. As intervenções terapêuticas ocorrem no prédio da Pós-graduação em Educação Física e Fisioterapia, no Centro de Ciências da Saúde da UFPB, no campus I, em João Pessoa.

Para participar do estudo, os pacientes devem seguir os seguintes critérios: possuir diagnóstico de migrânea crônica, de acordo com a terceira edição da Classificação da Sociedade Internacional de Cefaleias (ICHD-3); estar na faixa etária entre 18 e 65 anos de idade; e ter disponibilidade para dar continuidade à terapia nas 12 sessões durante período de quatro semanas consecutivas pré-programadas.

Pacientes que possuem cefaleia atribuída a alguma outra patologia neurológica ou neuropsiquiátrica associada; analfabetos; aqueles que possuem implantes metálicos localizados na cabeça, implantes cocleares e marca-passo cardíaco; que fazem uso de drogas moduladoras da atividade do sistema nervoso central (SNC) e com histórico de convulsão não podem participar do estudo.

A previsão de encerramento da pesquisa é para o final do primeiro semestre do ano que vem. O estudo está sendo feito através de uma com o Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia (LECOPSI) da UFPB.

“Desejamos promover uma melhora na qualidade de vida do paciente ao proporcionar o alívio de dor, aumentando, inclusive, a sua produtividade laboral, além de elevar o nível de atenção plena nas atividades cotidianas”, conta Elidianne Araújo.

Ela destaca a importância de implementar novas técnicas não medicamentosas.

“Conforme estudos, terapias para melhorar enxaqueca consistem em medidas farmacológicas e não farmacológicas, com uma grande variedade de remédios para sua prevenção, como antiepilépticos e antidepressivos tricíclicos e duais”.

No entanto, analgésicos costumam ser utilizados de maneira indiscriminada e abusiva, podendo levar à cronificação da cefaleia e resistência aos fármacos convencionais, com consequente piora da qualidade de vida dos pacientes. “Neste sentido, ressalta-se a importância de implementar novas técnicas não medicamentosas ao tratamento, tais como o mindfulness e a ETCC, que promovem alívio da sintomatologia crônica da migrânea”, argumenta.

A ETCC é uma forma de neuroestimulação que utiliza corrente elétrica baixa e contínua emitida diretamente na área cerebral de interesse, através de pequenos eletrodos. Inicialmente, os pacientes passam por uma triagem com um profissional neurologista, com a confirmação de diagnóstico para migrânea crônica.

Depois de confirmada a participação no estudo, o paciente passa por uma avaliação com a aplicação de instrumentos e realização de eletroencefalograma do tipo portátil (Muse) e inicia a intervenção, que consiste na associação das práticas terapêuticas ETCC e Mindfulness, por meio do exercício mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente.

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