Projeto ‘Zika UEPB’ inaugura 1º laboratório de combate às arboviroses

O desenvolvimento de pesquisas voltadas às áreas de Saúde Pública e Educação, através do Projeto ZiKa, desenvolvido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), apresentou, na manhã de sexta-feira (27), no município de Tenório, uma ferramenta de combate às arboviroses causadoras de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Foi apresentado à comunidade o primeiro laboratório do projeto, com o objetivo desenvolver atividades com estudantes para o desenvolvimento de uma cultura de ambiência com a natureza a partir de técnicas de enfrentamento do mosquito Aedes aegypti.

Trata-se de uma horta orgânica desenvolvida em um espaço que possibilita a troca de saberes já existentes (senso comum) com saberes científicos, a partir do processo de ensino e aprendizagem vivenciado na escola.

A intenção do Laboratório Vivo é aproximar os alunos de uma realidade transformadora que, além da produção de saberes, possibilita a potencialização da formação cidadã de jovens como multiplicadores. Este é o primeiro aparelho inaugurado. As cidades de Soledade, Junco do Seridó e Olivedos também receberão iniciativas como essa ainda este ano.

De acordo com o pró-reitor adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa da UEPB, professor Cidoval Morais, que também coordena o Projeto Zika, o laboratório conta com nove espécies de plantas repelentes que serão cultivadas pelos alunos das escolas municipais, que aprenderão as técnicas de plantio e separação de mudas, além de desenvolverem atividades relacionadas ao ensino das ciências escolares dentro daquele espaço.

O local também recebeu alguns tipos de hortaliças e leguminosas que serão cultivadas com o objetivo de integrar a cultura da alimentação saudável no ambiente escolar.

“A mudança dessa cultura de combate às arboviroses está nas crianças e, essa horta, há cinco preocupações. A primeira é pedagógica, por apresentar um novo jeito de pensar a saúde, com alimentação, prevenção, promoção e disseminação de boas práticas. Ela também tem uma preocupação complementar para experimentos ricos e vivos para o ensino das Ciências; tem uma dimensão ecológica, como cultura de preservação, rearborização e cuidado com o lugar; como também é uma alternativa ao modelo químico, que mata o mosquito, mas nos mata também; além de ser um jeito diferente de ensinar parte da vida, para que a escola recupere esse tipo de ensinamento sobre o cuidado com a vida”, explicou Cidoval.

O Laboratório Vivo de Tenório foi instalado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Emília Saturnino da Silva, com um investimento de cerca de R$ 20 mil em recursos oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A contrapartida do município foi a cessão de pessoal e alguns materiais de construção. A secretária de Educação do município, Zélia Souza, agradeceu todos os esforços dos pesquisadores envolvidos no projeto, além de reforçar o compromisso da pasta em oferecer condições para que os professores possam realizar as atividades pedagógicas também com o uso do Laboratório Vivo.

“Nosso trabalho será em conjunto. Estamos trazendo um Laboratório Vivo onde se pode reproduzir a natureza. E a natureza na sua forma mais pura, mais saudável. Nossos docentes desenvolverão essas práticas participando inicialmente de atividades com os professores e pesquisadores da UEPB. Após esse treinamento, incorporaremos as práticas pedagógicas da sala de aula nesse espaço, o que, com certeza, contribuirá bastante na formação dos nossos alunos”, disse a professora se referindo ao encontro que será realizada no próximo dia 11 de outubro.

Laboratório Vivo incentivará interdisciplinaridade
O trabalho prático que envolve o Laboratório Vivo de combates às arboviroses não será restringido a determinadas áreas de ensino. Segundo explicou o professor Leonardo Tinoco, um dos pesquisadores do Projeto Zika UEPB e envolvido no desenvolvimento deste equipamento, a utilização do local por professores de diversas áreas reforça a proposta abrangente que o local oferece, por possibilitar atividades pedagógicas em todas as áreas de ensino da Educação Básica.

“Esses mecanismos envolvem diversas práticas de ensino como, por exemplo, questões de hidráulica, da água que chega, das cisternas de armazenamento; temos a questão da água no solo, na raiz das plantas e alimentos; temos também na aula de Física a questão da precipitação; na área de Sanitarismo, onde envolvemos a qualidade da água, uma água que vem da chuva praticamente isenta de sais. Temos também assuntos dos conteúdos de Ciências, mineração, clima, solo e ecologia. É como se estivéssemos pegando as sementes do passado, trabalhando o plantio no presente para colher no futuro aquilo que temos de mais nobre: a ciência”, afirmou Leonardo.

A inserção de jovens estudantes no Laboratório Vivo é uma proposta de mudança da cultura de enfrentamento do mosquito Aedes aegypti, já que de acordo com pesquisas recentes percebeu-se que, ao longo dos anos, as táticas de enfrentamento para a eliminação do inseto através do ataque químico, ou a culpabilidade da população pela existência dele, não surtiu efeito. “Temos que focar nossa atenção nas crianças, que ainda estão longe do vício de dizer que nós não podemos vencer o mosquito. Vamos quebrar esses paradigmas, dar uma passo adiante nessa evolução cultural e educacional a partir de uma fonte de ciência, tecnologia e educação”, acrescentou o professor.

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