Retrospectiva: o melhor e o pior da tecnologia em 2018

RETROSPECTIVA TECNOLOGIA

O ano está acabando e é hora de revisitar os principais momentos que marcaram os últimos 12 meses no mercado da tecnologia. Em 2018 o Olhar Digital noticiou grandes descobertas da ciência, avanços inéditos no setor de hardware e software, mas também polêmicas e problemas que atrasaram o avanço da inovação.

Confira a seguir alguns dos momentos e temas que mais marcaram o ano de 2018 em tecnologia. Faltou algum? Diga nos comentários o que mais te chamou a atenção neste ano.

Facebook: um escândalo após o outro
Ninguém pode conseguir 2,23 bilhões de amigos sem fazer alguns inimigos. Essa é uma pequena variação no slogan do filme “A Rede Social”, longa de 2010 dirigido por David Fincher que conta como Mark Zuckerberg (interpretado por Jesse Eisenberg) enganou e traiu muita gente para construir um império: o Facebook.

O preço desse império foi cobrado em 2018. Numa sequência de menos de 12 meses, o Facebook se meteu num mar de escândalos e polêmicas que colocam em dúvida a capacidade da empresa criada e chefiada por Zuckerberg de tratar de maneira segura e justa os dados desses 2,23 bilhões de usuários mensais.

Cambridge Analytica
Um dos maiores escândalos do ano foi o da Cambridge Analytica. Este é o nome de uma empresa de marketing que teve acesso a dados de 87 milhões de usuários do Facebook indevidamente, sem que muitos deles soubessem e sem que a própria rede social tivesse lhes dados permissão.

Um professor de psicologia desenvolveu um aplicativo que faz um teste de personalidade do usuário. Esse app precisa ter acesso ao perfil no Facebook do usuário que quiser participar. O problema é que os dados dessa pessoa e os dados dos seus amigos não eram coletados para o professor, e sim para a empresa Cambridge Analytica.

A empresa usou essa informação privilegiada para direcionar anúncios no Facebook. A rede social até ficou sabendo do vazamento e ordenou que a empresa apagasse os dados coletados – mas nunca foi até lá conferir se eles tinham mesmo sido apagados. Entre os 87 milhões de usuários afetados, havia, pelo menos, 440 mil brasileiros.

50 milhões hackeados
Em seguida, veio um dos escândalos mais graves: 50 milhões de usuários hackeados, 90 milhões de contas potencialmente afetadas, tudo graças a uma grave falha de segurança descoberta no mês de setembro relacionada ao “ver como”, recurso que permite ao usuário visualizar como fica o seu perfil para desconhecidos, amigos de amigos ou amigos da rede social.

Segundo o Facebook, uma vulnerabilidade do código na rede social permitiu que esse recurso fosse usado para roubar tokens de acesso às contas. Os tokens são chaves digitais que permitem que os usuários se mantenham logados na rede social sem precisar digitar sua senha todas as vezes que acessam o site ou aplicativo. Usando esses dados, os hackers podem ter acessado indevidamente as contas de vários usuários, sem precisar descobrir a senha.

O comunicado da falha diz que o Facebook tem certeza que 50 milhões de contas foram afetadas. Os tokens dessas contas foram todos invalidados, o que, na prática, fez com que estes usuários precisassem refazer seus logins para se conectar à rede social. Por precaução, o Facebook também invalidou os tokens de outras 40 milhões de contas que usaram o “Ver Como” no último ano, mesmo sem evidências de ataque.

Diante desta situação, o Facebook também desativou o recurso “Ver Como” temporariamente para analisar melhor a vulnerabilidade. A empresa diz que, por estar em uma etapa inicial de investigação, não há como saber ainda se o roubo destes tokens permitiu que as contas atingidas fossem utilizadas para algum fim indevido, ou se as informações das vítimas foram acessadas. Da mesma, a empresa ainda não sabe apontar quem são os responsáveis pelo ataque.

Agência Definers
Uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times detalhou como a administração do Facebook usou táticas moralmente questionáveis para tentar melhorar a sua imagem durante crises de reputação que atravessou durante o ano e driblar questões mais complexas.

O NYT afirma que a empresa contratou uma agência de relações públicas chamada Definers. Uma das coisas que a Definers fez para limpar a barra do Facebook durante o escândalo Cambridge Analytica foi espalhar a narrativa na imprensa de que algumas das pessoas que estavam organizando boicotes à rede social na época eram financiadas pelo filantropo liberal George Soros. O que, depois, descobriu-se que era mentira.

Também descobriu-se que a Definers era dona de uma página do Facebook com 120 mil seguidores chamada “NTK Network”. Um ex-funcionário disse que a página era a “loja de fake news caseira” da agência. Por meio dela, a Definers espalhava notícias boas (nem sempre verdadeiras) sobre seus clientes, e ruins (nem sempre verdadeiras) sobre os concorrentes dos clientes.

Após a publicação da reportagem do NYT, o Facebook rompeu contrato com a Definers e declarou que nunca pediu à agência ou pagou para que ela espalhasse notícias falsas em nome da rede social. Além disso, Zuckerberg disse que nem ele, nem Sheryl Sandberg, sabiam que a Definers era contratada pelo Facebook.

Fotos e mensagens vazadas
No começo de dezembro, a empresa revelou uma nova brecha de segurança que deixou expostas as fotos de 6,8 milhões de usuários, mesmo que as pessoas tenham feito o upload do material, mas não tenham postado de forma pública. O bug em questão fez com que cerca de 1,5 mil aplicativos tivessem acesso indevido “a um conjunto de fotos mais amplo do que deviam”.

A falha atingiu as pessoas que utilizaram o Facebook Login, a ferramenta da rede social que permite a realização de login em outros sites e aplicativos. Ao dar permissão para que os aplicativos acessassem suas fotos, os usuários podem ter dado acesso a mais do que deveria ser permitido por causa do bug. Isso aconteceu entre os dias 13 de setembro e 25 de setembro, quando a vulnerabilidade foi fechada.

Para completar, a rede social foi acusada de dar acesso irrestrito a informações de usuários a grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Apple, Spotify e Netflix. Entre os dados disponíveis para estes parceiros estavam até mesmo as mensagens privadas trocadas na plataforma.

O Facebook confirmou o acesso às mensagens privadas do usuário. Segundo o Facebook, isso era necessário para que seus usuários conseguissem enviar mensagens no Messenger sem sair do aplicativo de música. A rede social disse ainda que era necessário o login na sua conta para que esse acesso acontecesse. E destacou que nenhum desses acessos teria acontecido sem a permissão dos seus usuários.

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